Conglomerado tradicionalmente familiar, o Grupo RBS atualmente é administrado pela terceira geração da família Sirotsky. Além do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva, o Grupo possui um Conselho da Família, formado por sete membros e que “atua para preservar o legado dos Sirotsky e assegurar a perpetuação do Grupo RBS” (Relatório de Sustentabilidade 2013).
Atualmente, o Grupo RBS atua nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e é o maior conglomerado de mídia da região Sul do Brasil, reunindo mais de 70 empresas em vários segmentos, controladas diretamente pelo Grupo ou pela família Sirotsky. O crescimento do grupo se consolidou a partir de 1970, quando o jornal Zero Hora, fundado em 1964, foi adquirido integralmente por Sirotsky. A denominação RBS TV (Rede Brasil Sul de Televisão) passou a ser usada em 1979, com a inauguração da primeira emissora do grupo em Santa Catarina.
Com a morte de Maurício Sirotsky em 1986 assumiu a presidência do grupo seu irmão Jayme Sirotsky. Em 1991 ele foi substituído por Nelson Sirotsky, filho do fundador. Desde 2012, Eduardo Sirotsky Melzer, neto de Maurício, é o presidente executivo do Grupo RBS, inaugurando a terceira geração de administradores do negócio familiar. Nelson continuou ocupando o cargo de Presidente do Conselho de Administração.
Jornais
Ao todo são nove jornais impressos controlados pelo grupo, cobrindo toda a região geográfica de atuação e oferecendo serviços para diversos segmentos. No Rio Grande do Sul o grupo controla o Zero Hora, o Diário Gaúcho, o Pioneiro e o Diário de Santa Maria. Em Santa Catarina, controla o Diário Catarinense, o Hora de Santa Catarina, o A Notícia, o Jornal de Santa Catarina e O Sol Diário.
O Zero Hora é o maior jornal do Rio Grande do Sul em circulação e 6º maior do país, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) divulgados pela Associação Nacional de Jornais (ANJ, 2013), com média diária de quase 184 mil exemplares em 2013. Dados referentes a janeiro de 2014 divulgados pela Associação Latino-Americana de Publicidade (ALAP) colocaram o Zero Hora no 7º lugar em circulação nacional, com 181.772 exemplares. Entre os 50 mais bem colocados no ranking nacional estão outros quatro jornais do Grupo RBS: Diário Gaúcho (8º), Diário Catarinense (31º), O Pioneiro (38º) e Hora de Santa Catarina (39º), este com média de 26 mil exemplares/dia.
Fundado em 1964, poucos meses após o golpe militar, o Zero Hora surgiu com o fechamento do diário Última Hora – que fazia parte da rede nacional do jornal com edições em diversas capitais, incluindo Porto Alegre. O empresário gaúcho Ary de Carvalho comprou o controle acionário da Editora Flan S.A, mudou o nome do jornal para Zero Hora e, em seu editorial de 4 de maio de 1964, defendia a nova linha editorial do diário. Em 1965, a editora passa a se chamar Empresa Jornalística Sul-Rio-Grandense, que dois anos mais tarde teve uma parte comprada por Maurício e Jayme Sirotsky, até adquirirem o controle total do jornal em 1970.
Em 2014, ao completar 50 anos, o jornal passou por uma grande reforma gráfica, editorial e de marca intensificando a convergência com a web.
Ações recentes
Em 2006, após a compra do jornal A Notícia pelo Grupo RBS, o Ministério Público Federal de Santa Catarina preparou uma ação civil pública para anular a operação, com base na proibição do monopólio pela Constituição Federal e, incluindo contestação das propriedades de radiodifusão do grupo, na regulamentação do Decreto-Lei nº 236. De acordo com o artigo 12 do Decreto-Lei, que modifica e complementa o Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei nº 4117, de 27 de agosto de 1962), uma mesma entidade só poderia ter “concessão ou permissão para executar serviço de radiodifusão, em todo o País” no limite de 4 rádios AM e 6 FM por localidade, 3 AM de alcance regional e cinco emissoras de TV em VHF em todo o País, obedecendo o limite de duas por Estado. A alegação do MPF era de que o Grupo RBS ultrapassava o limite legal de emissoras de TV e rádio. Com relação à aquisição do A Notícia e o lançamento do diário Hora de Santa Catarina na mesma época, a tiragem diária do conglomerado no estado chegaria a 600 mil exemplares, superando a soma de dois dos principais jornais do país (Folha de S. Paulo e O Globo) e o limite de 20% de market share, caracterizando posição dominante.
A justiça catarinense julgou a ação civil pública improcedente. A União alegou que a restrição, por lei, do número de emissoras por entidade não era feita “buscando evitar a formação de monopólios e oligopólios” e que o fato de as pessoas jurídicas e acionistas das concessionárias pertencerem a uma mesma família não infringia a lei, não caracterizando monopólio. O CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), por sua vez, não constatou existência de irregularidade na compra do A Notícia e que, mesmo se ultrapassado o percentual de 20% de market share (caracterizando a posição dominante e, consequentemente, o julgamento do caso pelo órgão antitruste), a ocorrência de abuso de poder econômico estaria condicionada à “apuração de diversas outras variáveis na operação comercial”. Segundo a defesa do Grupo RBS, “a participação de mercado superior a 20% não caracterizaria infração da ordem econômica, vez que é necessário que haja o exercício abusivo da posição dominante”.
Faturamento
No ranking das 1.000 melhores e maiores empresas do Brasil elaborado anualmente pela revista Exame, o jornal Zero Hora aparece na 708ª posição em 2013, com receita anual de R$ 670 milhões. Os indicadores de faturamento de todo o Grupo RBS apontam receita líquida de R$ 1.467 bilhão em 2013, valor ligeiramente superior ao registrado em 2012, de R$ 1.464 bilhão. Em 2011 o valor total apurado foi de R$ 1,368 bilhão.
Referências
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