Perfil – Grupo Sílvio Santos

Histórico

O Grupo Silvio Santos (GSS) teve origem em 1958 com a compra da primeira empresa do grupo, o Baú da Felicidade, por Senor Abravanel, nome verdadeiro de Silvio Santos. Inicialmente vendendo brinquedos por carnê em São Paulo, o negócio se expandiu para incluir outras produtos domésticos, dando origem, em 1963, à BF Utilidades Domésticas e Brinquedos. A trajetória do Grupo está ligada diretamente a seu fundador: nascido no Rio de Janeiro em 1935, filho de imigrantes judeus, Senor Abravanel trabalhou, desde a adolescência, como camelô nas ruas do Centro, tendo sido ainda locutor da Rádio Guanabara (atual Bandeirantes) e locutor de produtos nas barcas de Niterói. A mudança para São Paulo se deu a partir de um convite do dono da Antarctica, uma das empresas anunciadas por Sílvio Santos nas barcas.

A expansão do grupo empresarial acontece na mesma medida em que seu dono entra para a TV: em 1961 estreia o Programa Sílvio Santos na TV Paulista, Canal 5 (atual TV Globo de São Paulo), com duas horas compradas para exibição de brincadeiras, distribuição de prêmios e divulgação do Baú da Felicidade. Em 1962 é criada a Publicidade Sílvio Santos, empresa gerenciadora dos anunciantes do programa dominical. Com a criação da BF Utilidades Domésticas e Brinquedos é inaugurada a primeira loja do Baú da Felicidade, também em São Paulo. Nos próximos anos outras empresas são criadas ou compradas, diversificando a área de atuação, que iria de financiamento de moradias populares a concessionária, corretoras e seguradoras. A holding Grupo Silvio Santos S/A Administração e Participações, unindo as então 10 empresas detidas por Silvio Santos, é criada em 1972.

Em 1975, Silvio Santos é capa da revista Veja que, em uma reportagem com o perfil do já conhecido empresário e apresentador, destaca que “nas colunas especializadas em TV de alguns jornais avolumam-se os apelos de artistas e jornalistas para que a nova emissora seja entregue a Sílvio Santos”. Em outubro de 1975, após negociações com o governo militar, Silvio Santos vence a concorrência pelo Canal 11 do Rio de Janeiro, inaugurando a TVS no ano seguinte. O empresário já detinha, antes do Canal 11, 50% da TV Record no Rio de Janeiro.

Em 1980, após o fechamento da TV Tupi, o governo federal anunciou a abertura de concorrência para duas novas redes de televisão, advindas das sete concessões da TV Tupi e duas da Rede Excelsior, extinta em 1970. Concorreram os grupos Abril, Silvio Santos, Bloch, Capital, Visão, Sistema Brasileiro de Comunicação, Jornal do Brasil, Rede Rondon de Comunicação Ltda. e Rede Piratininga, vencendo o Sistema Brasileiro de Televisão, do Grupo Silvio Santos e Grupo Paulo Machado de Carvalho, e a TV Manchete, do Grupo Bloch. Silvio Santos ficou com as concessões extintas da Tupi de São Paulo, cabeça da rede, canal 4 da TV Tupi São Paulo, Rio de Janeiro com o canal 9 da TV Continental, Porto Alegre com o canal 5 da TV Piratini e Belém no canal 2 da TV Marajoara.

Houve acusações, na época, de que Silvio Santos não poderia ganhar mais uma concessão, uma vez que já era dono da TVS no Rio de Janeiro. A explicação dada pelo empresário à imprensa era de que ele detinha a TVS no Rio, mas que era o SBT o vencedor da nova licitação, e que este não contava com seu nome no rol acionário, mas sim sua cunhada, Carmem Abravanel. O Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo divulgou nota, no Jornal do Brasil, criticando profundamente o resultado da concorrência e, entre outras colocações, destacou que “foram ganhadoras as duas piores propostas. A rigor, um dos dois ganhadores [SBT] nem deveria estar participando da licitação, porque era impedido por lei. Mas o Sr. Silvio Santos burlou a lei e entrou na concorrência com testas de ferro”.

Além das emissoras da Tupi, o SBT contava com 18 afiliadas independentes. O investimento inicial foi de US$10 milhões, equivalente a Cr$1 bilhão. O Sistema Brasileiro de Televisão, SBT, é oficialmente colocado no ar em 19 de agosto de 1981, iniciando a transmissão com a cerimônia de assinatura do contrato de concessão, ao vivo, direto de Brasília. O SBT preenche suas 12 horas de transmissão diária obrigatória com programas de variedades, desenhos animados e programas de auditório, alcançando 24% da audiência no primeiro ano de funcionamento e 30% no segundo ano. Até o final dos anos 80, a rede de Silvio Santos conquista a vice-liderança e rivaliza com a Rede Globo e Rede Bandeirantes. Em 1988, já são 44 o número de emissoras afiliadas, com a vice-liderança absoluta em rede nacional, apenas rivalizando com a TV Manchete no Rio de Janeiro.

Em 1990, o SBT tinha 21% da participação em audiência e faturamento de quase US$140 milhões, mas ainda detinha prejuízos, agravados no final dos anos 80 pelo Plano Collor. Para reverter a crise, o grupo investe em venda de espaço publicitário para anunciantes, marketing e pesquisas de opinião, além de lançar a Tele Sena, título de capitalização da Liderança Capitalização, uma das empresas do GSS. Em 1991 é inaugurado, também, o Bando Panamericano, a fim de gerir os negócios do grupo e investir em câmbio, e médias e pequenas empresas. A estratégia funciona, e o SBT fecha o primeiro quadrimestre de 1992 sem dívidas bancárias, a primeira vez desde a criação da emissora. Em 1996, com investimento de R$120 milhões, é inaugurado o CDT Anhanguera, complexo que reuniu as instalações do SBT, até então divididas em cinco locais na cidade de São Paulo. Na primeira década dos anos 2000, o SBT experimentou expansão e retração: depois de prejuízo de R$33,7 milhões em 2003, por exemplo, a emissora fechou o ano de 2004 com lucro líquido de pouco mais de R$3 milhões, crescimento de 16% sobre o ano anterior.

Atualmente, o SBT possui 114 emissoras que, juntas, empregam cerca de 6 mil pessoas. São 8 emissoras próprias (SBT São Paulo, SBT Central – Jaú, SBT RP – Ribeirão Preto, SBT Interior – Araçatuba, SBT Rio – Rio de Janeiro, SBT Interior RJ – Nova Friburgo, SBT Brasília, SBT RS – Porto Alegre, SBT Pará – Belém) e, entre as afiliadas, a Rede Massa (pertencente ao apresentador Ratinho no Paraná), a TV Rondon MT (MT), a Rede Difusora (MA) e Rede Alterosa (MG).

Atuação

O Grupo Silvio Santos completou 50 anos em 2008, e atualmente possui 34 empresas, todas administradas pela holding Silvio Santos Participações S.A. O SBT, além de ser a divisão de radiodifusão do grupo, possui ainda os selos SBT Filmes (estúdio cinematográfico em Nova York com parceria da Warner Bros.), SBT Music (empresa distribuidora dos produtos fonográficos do SBT, em parceria com Sony Music e Building Records) e SBT Vídeos (portal). Fazem parte do GSS a Liderança Capitalização (administradora da Tele Sena), Vimave Veículos (concessionária), Hotel Jequitimar, Jequiti Cosméticos, Sisan Empreendimentos Imobiliários, Maricultura Netuno e Frutivita (exportadoras de lagostas, camarões e uvas) e Perícia Corretora de Seguros. Segundo a Revista Forbes, a estimativa de receita anual do grupo em 2013 era de US$2 bilhões.

Controladores

O Grupo Silvio Santos (Silvio Santos Participações S.A.) é detido em 99,914% por Senor Abravanel (Silvio Santos) e 0,086% por Henrique Abravanel (irmão do empresário). A TVSBT – Canal 4 de São Paulo S.A., é detida por Silvio Santos em mais 98% das ações ordinárias.

Administração

Guilherme Stoliar, sobrinho de Silvio Santos, é o presidente do Grupo desde 2010, após o pedido de demissão de Luiz Sebastião Sandoval. Sandoval presidiu a holding por 28 anos, e sua demissão aconteceu durante a crise com o Banco Panamericano. Stoliar ocupava até então o cargo de diretor executivo do SBT, e acumulava 40 anos em diversas funções na emissora. Em entrevista sobre os rumos do conglomerado em 2013, a esposa de Silvio Santos, Iris Abravanel, deu indícios de que deve ser Renata Abravanel, a filha mais nova do casal, a próxima presidente do Grupo. Renata substituiria Stoliar, que provavelmente voltaria à presidência do SBT. Na vice-presidência da emissora está, atualmente, José Roberto dos Santos Maciel, executivo de longa data do GSS.

A relação familiar é notória na administração das empresas do Grupo Silvio Santos, em especial o SBT. Com 84 anos, o empresário pouco a pouco desenha o futuro de suas empresas após sua morte. Daniela Beyruti, 36 anos, filha mais velha do casal Silvio e Iris Abravanel, é diretora artística da emissora; Patrícia, 35 anos, é apresentadora e tem sido preparada pelo pai para se manter a frente das atrações que o tornaram famoso; Rebeca, 35 anos, é diretora da Jequiti e Rebeca, 27 anos, atua junto a Guilherme Stoliar no comando da holding do Grupo Silvio Santos. Iris é, ainda, autora de novelas de sucesso da emissora, como as versões brasileiras de “Carrosel” e “Chiquititas”. Filhas do empresário com Cidinha Abravanel, sua primeira esposa, Cíntia, de 51 anos, e Silvia, de 44, são, respectivamente, diretora do Teatro Imprensa e Diretora do núcleo infantil do SBT.

Mercado brasileiro (audiência)

Em 2014, sete anos após perder a vice-liderança na audiência para a Rede Record, o SBT reconquistou o posto, tanto na Grande São Paulo quanto no Painel Nacional de Televisão (PNT). Na média anual, o SBT ficou com 4.9 pontos no Ibope da Grande São Paulo, contra 4.8 da emissora concorrente.  Além disso, a emissora de Silvio Santos foi a que mais conquistou horas de liderança depois da Rede Globo, com cerca de 597 horas em primeiro lugar isolado ou empatado. Considerando todo o território nacional, a média anual foi de 4.3 pontos, contra 4.2 da Rede Record.

Movimentações recentes

Em 2006 o GSS retornou ao setor de cosméticos com a compra da SS Cosméticos, que passou a operar como Jequiti Cosméticos, atuando no segmento de vendas diretas porta a porta. Em 2007 é inaugurado o Sofitel Jequitimar Guarujá, complexo hoteleiro de luxo no litoral paulista que passa a integrar o rol de empresas do grupo.

Em 2010 veio a público uma grande fraude financeira envolvendo o Banco Panamericano que, na época, era o 21º maior banco do país, e uma das principais empresas do GSS. A origem da fraude estava em irregularidades, por parte do Panamericano, na venda de carteiras de crédito entre bancos, e teria começado em 2006, quando o banco se preparava para abrir o capital na Bolsa de Valores de São Paulo. A fraude foi descoberta pelo Banco Central, que estimou o rombo primeiro em R$2,5 bilhões e, depois, em R$4,3 bilhões. Silvio Santos recorreu ao Fundo Garantidor de Crédito, instituição privada mantida pelos bancos, e conseguiu negociar um empréstimo para liquidar a dívida. A garantia dada pelo empresário foi suas empresas do Grupo Silvio Santos, incluindo o SBT. No final de 2011 o Banco Panamericano foi vendido para o banco BTG Pactual por R$450 milhões, valor que nem chegou a entrar nos ativos do Grupo, sendo pago inteiramente por carteiras de crédito com o compromisso de assumir o pagamento da dívida com o FGC, nos termos iniciais de empréstimo ao GSS. Vale destacar, neste processo, que o empresário esteve pessoalmente à frente das negociações no pedido de empréstimo junto ao FGC e na venda do banco ao BTG Pactual. Em 2009, antes da fraude vir a público, a Caixa Econômica Federal havia comprado, por R$739 milhões, 36% das ações do Banco Panamericano. De acordo com o inquérito da Polícia Federal na época das investigações da fraude, a maior parte do valor dessa negociação foi usado para pagamento de dívidas de empresas do GSS (Baú da Felicidade, Jequiti Cosméticos, SBT e a construtora Sisan).

A crise no Panamericano freou os planos do GSS de expandir as emissoras de TV subsidiárias do SBT, além de forçar uma reestruturação estratégica, como a venda das Lojas do Baú para o Magazine Luiza, em 2011, por R$83 milhões. A Lei de Serviço de Acesso Condicionado, de 2011, ainda fez com que o empresário fizesse uma manobra para não perder a TV Alphaville, TV paga que atua na Grande São Paulo. Isso porque, segundo a lei, donos de concessões de radiodifusão (TV ou rádio) não podem controlar empresas de telecomunicações, como passaram a ser enquadradas também as TVs por assinatura. Silvio Santos apresentou à Anatel novo organograma acionário, em que o SBC (Sistema Brasileiro de Comunicação) passaria os 49% do controle acionário para a filha do empresário, Patrícia Abravanel. Os demais acionistas seriam Renata Abravanel (outra filha do empresário), com 6%, Ivani Pássaro Stoliar (cunhada), com 15%, Martim Prado Mattos (diretor financeiro da Hypermarcas, parceira de negócios do SBT), com 1,5% e Herbeys Holdings S.A. (da família do dono da Hypermarcas). Em março de 2014 a Anatel, em parecer integrante do processo de renovação da concessão da TV Alphaville, considerou válida a reestruturação acionária. Ante o disposto pela Procuradoria Federal Especializada (PFE) junto ao órgão regulamentador, que se mostrou contrária à “transferência de controle societário entre membros de uma mesma família”, o conselheiro relator Jarbas José Valente destacou que “sob tal aspecto (“consanguinidade”) não verifico qualquer óbice à operação de transferência de quota s da SBC para PATRÍCIA ABRAVANEL”.

Em 2014, a Jequiti se tornou a 2ª maior fonte de receita do Grupo Silvio Santos, atrás apenas do SBT. O Banco Panamericano, vendido em 2011 após a descoberta do rombo financeiro, ocupava a posição anteriormente. A Jequiti passou de 7% de participação em 2007 para 20% em 2013, com vendas somando R$450 milhões e crescimento 10% maior do que a média do setor no Brasil.

Em 2013, a revista Forbes incluiu Silvio Santos, pela primeira vez, em sua lista de bilionários. O patrimônio estimado do empresário foi de US$1,25 bilhão, ou cerca de R$2,5 bilhões. Em agosto de 2014 a avaliação da fortuna girava em torno de US$1 bilhão. Segundo a publicação, a desvalorização do real ante o dólar fez com que oscilasse a estimativa dos bens do empresário.

Faturamento

Após experimentar queda em sua receita na primeira metade dos anos 2000, o SBT tem crescido nos últimos anos. Em 2013 registrou receita líquida de R$998,189 milhões, enquanto que o registrado em 2012 foi de R$870,29 milhões, um aumento de 12,8%. Comparado a 2011, em que registrou o faturamento de R$813,8 milhões, o crescimento em 2012 foi de 6,5%. Os dados são dos demonstrativos financeiros divulgados pela empresa.

Fontes

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