Origem
A América Móvil foi fundada em setembro de 2000 a partir da Telmex, na época líder do mercado de telefonia local e de longa distância do México. A Telmex foi fundada em 1947 como Teléfonos de México, estatizada em 1972 e privatizada novamente em 1990. O mercado de telefonia móvel ficou a cargo da Telcel, que historicamente está ligada à criação da Publicidad Turística, S.A., em 1956, uma distribuidora de listas telefônicas afiliada da Telmex. Os negócios da família Slim (de Carlos Slim Helú, criador da América Móvil e dono da Telmex desde a privatização) foram distribuídos em duas empresas: a América Móvil passou a cuidar da telefonia móvel como controladora da Telcel, principal operadora do ramo no México. A Telmex assumiu a telefonia fixa e de longa distância no país e, em 2007, deu origem à Telmex México e Telmex Internacional. Em 2010 o grupo consolidou as operações da Telmex México e Telmex Internacional na América Móvil, que passa a ser a holding controladora de todas as subsidiárias.
A aquisição de subsidiárias internacionais teve início em 1999, com a Telmex investindo em operações no Brasil e em outros países da América Latina e no Caribe, principalmente entre 2001 e 2010. As operações fora do México cresceram em taxas superiores às realizadas no país de origem e, como resultado dessa expansão, aproximadamente 73% dos clientes de telefonia móvel da América Móvil estavam fora do México em março de 2014.
Atuação
Atualmente o Grupo América Móvil é a empresa líder de telefonia móvel na América Latina e o 4º no mundo quanto ao número de clientes. Operando em 21 países, possuía, em março de 2014, 272,2 milhões de clientes de telefonia móvel; 31,4 milhões de clientes de linha fixa; 19,6 milhões de clientes de internet banda larga e 19,7 milhões de assinantes de TV a cabo ou satélite. No Brasil, o Grupo América Móvil controla as subsidiárias Claro (telefonia fixa e móvel), Embratel (chamadas de longa distância) e Net (TV por assinatura via cabo). Oferece serviços na Argentina, Chile, Colômbia e Equador com as marcas Claro e Telmex, e na Costa Rica, República Dominicana, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico e Uruguai com a marca Claro. É controladora, ainda, da Tracfone (EUA). Possui cerca de 30% de participação acionária na KPN (Holanda) e 27% na Telekom Austria (Áustria). No total, sua cobertura de serviços é oferecida para uma população combinada de 852 milhões de pessoas no subcontinente da América Latina. O centro de operações da companhia está localizado na Cidade do México.
Controladores
O Control Trust (também conhecido como “Slim Family Trust”), que representa a família de Carlos Slim Helú, possui 21,24% das ações da companhia, e 45.02% do direito a voto, segundo dados da Federal Communications Commission, órgão regulador dos EUA. A AT&T Inc., companhia de telefonia móvel e internet dos Estados Unidos, controla 9,11% das ações, e possui 24,5% do direito a voto. Control Trust e AT&T são as únicas entidades que possuem 10% ou mais de direito a voto na América Móvil. A família Slim ainda possui participação pela holding Inmobiliaria Carso, S.A. de C.V, além de ações individuais. Coletivamente, os membros da família Slim, o Control Trust e a Inmobiliaria Carso possuem 42,7% das ações da América Móvil e 65,5% do direito a voto na companhia.
Mercado brasileiro
Claro
A Claro é a principal subsidiária da América Móvil no Brasil. A companhia foi fundada em 2003 já com a America Móvil como principal acionista, da união de seis operadoras regionais: Americel, que iniciou sua rede TDMA em 1997 no Centro-Oeste e parte da região Norte, e outras cinco companhias que iniciaram suas operações a partir da privatização do setor em 1998, também com a tecnologia TDMA: ATL (RJ e ES), BCP Nordeste, BCP SP, Claro Digital (RS) e Tess (interior e litoral do Estado de SP). Em setembro de 2003 foi anunciada a consolidação de todas essas operadoras sob a marca Claro. A empresa cobertura celular nacional desde abril de 2009, quando passou a atender a região do Triângulo Mineiro. Foi pioneira no início das operações em rede 3G (WCDMA), em 2007, e 4G (LTE), em 2012. Atualmente a Claro Brasil opera no mercado com serviços de telefonia móvel, telefonia fixa (a partir da incorporação dos serviços residenciais móveis da Embratel em 2012), internet móvel residencial e TV por assinatura via satélite (Claro TV, com a incorporação dos serviços da Via Embratel, também em 2012) e via cabo (Net). Em março de 2014, a Claro possuía cerca de 68,75 milhões de clientes de telefonia móvel, uma variação de 0,1% comparado a dezembro de 2013 e 3,7% comparado a março de 2013.
Embratel
A Embratel Participações S.A. foi uma das 12 empresas que surgiram em 1998 com a privatização do Sistema Telebrás, sendo a controladora da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel). Na época, a Embratel, que operava o setor de ligações de longa distância da Telebrás e foi comprada pela MCI Internacional, grupo de comunicação dos EUA, por R$2,65 bilhões de reais (cerca de US$2,34 bilhões). Em 2004, a Anatel aprovou a compra da Embratel pelo grupo mexicano Telmex Internacional por US$400 milhões. Em 2010, com a consolidação da fusão entre Telmex México e Internacional com a América Móvil, a Embratel passa a ser subsidiária do grupo mexicano.
Em 2008, a Embratel lançou o satélite Star One, e no mesmo ano passou a oferecer serviço de TV por assinatura via satélite pelo Via Embratel. O serviço seria incorporado ao rol de produtos da Claro Brasil em 2012. Atualmente a Embratel oferece – além do serviço de chamadas de longa distância – pacotes de internet com fios, serviços de dados para empresas e serviços executados em parceria com a Net, como o Net Fone, de telefonia fixa.
Em março de 2014, a Embratel possuía cerca de 33,6 milhões de clientes de telefonia fixa, uma aumento de 2,8% comparado a dezembro de 2013 e 13,2% comparado a março de 2013.
Movimentações recentes
Uma das movimentações recentes da América Móvil no mercado brasileiro foi o processo de fusão entre Net, Embratel e Claro. As três empresas controladas pela América Móvil já convergem seus serviços, com o mais notável deles sendo o Combo Multi, pacote de serviços integrado de TV por assinatura a cabo, internet banda larga a cabo, telefonia fixa e telefonia móvel. Em 2011, a Lei de Serviço de Acesso Condicionado (Lei nº 12.485) provocou uma mudança no artigo 86 da Lei Geral de Telecomunicações, possibilitando a oferta de serviços de TV por assinatura por empresas de telefonia. Em abril de 2013 a América Móvil comunicou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a intenção de promover a fusão entre as três operadoras no Brasil.
Indicativos recentes apontavam que a América Móvil (Claro) poderia se unir à Oi e à espanhola Telefónica (Vivo) para ficar com os ativos da TIM no Brasil. A TIM é controlada pela Telecom Itália que, por sua vez, passa por processo de consolidação de controle pelo Grupo espanhol Telefónica na Itália. Como os grupos América Móvil e Telefónica são proprietários das duas maiorias operadoras de telefonia celular no Brasil, dificilmente seria aprovada a aquisição total da TIM por parte de uma delas. Uma das ideias cogitadas seria a divisão da TIM em três, para então ser adquirida pelas companhias de hoje presente no país, Telefónica, Claro e Oi.
Conselho de Administração
Daniel Hajj Aboumrad, genro de Carlos Slim Helú, é o CEO da América Móvil desde 2000. No conselho de administração da companhia ainda estão dois dos filhos de Slim, Carlos Slim Domit (presidente da Telmex) e Patrick Slim Domit (co-presidente da América Móvil). Outros cargos importantes, como a chefia de alianças estratégicas, comunicações e institucional, também são ocupados pela família de Slim – o seu genro Arturo Elías Ayub.
Ratificando o interesse estratégico da América Móvil no Brasil, os presidentes das três empresas do Grupo América Móvil no país são executivos mexicanos com experiência em outros mercados na América Latina. A presidência da Claro é ocupada por Carlos Zenteno, que está no cargo desde 2010, quando assumiu o lugar do executivo brasileiro João Cox, presidente desde 2006. Zenteno já havia sido presidente da Claro na Argentina, no Uruguai e no Paraguai. A Embratel é presidida desde 2008 por José Formoso Martínez, até então vice-presidente e diretor geral da empresa. Ele assumiu o cargo que era ocupado pelo brasileiro Carlos Henrique Moreira. Martínez já havia sido vice-presidente da Telmex América Latina, da Telecom El Salvador e diretor geral da CS Nicarágua. O mexicano também é presidente do Sinditelebrasil (Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móvel Celular e Pessoal). Na presidência do conselho de administração da Net está Oscar Von Hauske Solis, que também ocupa o cargo de chefe de operações de telefonia fixa da América Móvil e diretor geral da Telmex Internacional. Solis é ainda membro do conselho de administração da Embratel e da Embrapar.
Os dados de faturamento dos últimos três anos (2011, 2012 e 2013) revelam crescimento de 13,1% na receita da América Móvil no Brasil, conjugando o balanço das três subsidiárias em território nacional (Claro, Embratel e Net). Em 2013, o rendimento do conglomerado no país alcançou o valor de R$ 33,197 milhões (US$ 14,17 milhões), enquanto o fechamento do último trimestre de 2012 mostrou o valor de R$30,717 milhões (US$ 15,03 milhões) e o de 2011, R$ 29,352 milhões (US$ 15,65 milhões).
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